Gerir uma vida saudável – parte II

Dizia eu na parte I desta série, que após recomeçar a fazer exercício voltei a sentir mais energia e decidi deixar de tentar ser a Super Mãe. Queria ser a mãe presente, que sempre idealizei.

Então para mim, uma ex-Super Mãe em actualização, foi importante perceber que se o meu objectivo era chegar à versão melhorada, tinha necessariamente de incluir determinadas acções (e respectivas tarefas) no meu dia-a-dia.

Logo, era essencial gerir o meu tempo de forma mais inteligente e alinhada com o meu “novo” objectivo.

E o exercício que fiz, aqui descrito de forma linear, mas que obviamente teve avanços e recuos, desenrolou-se mais ou menos assim:

assumir que algo não estava a resultar (sinto-me sem energia)

perceber o que não estava a resultar (a minha faceta de Super Mãe?)

refletir no porquê de não estar a resultar (ser a Super Mãe não se estava a traduzir numa maior realização pessoal e muito menos numa melhor qualidade de vida familiar)

perguntar-me qual era o meu real objectivo (sentir-me realizada como indivíduo e como mãe)

identificar as acções que concorriam para concretizar o meu objectivo (dormir melhor, fazer exercício, meditar, alimentar-me bem, destralhar, gastar menos dinheiro, estar presente, passar tempo de qualidade com a minha família,…tratar de mim!)

organizar e gerir o meu tempo de acordo com o meu objectivo

Pois é. Depois do “diagnóstico” a primeira fase do “tratamento” consistiu no desenvolvimento de uma agenda semanal, com as acções identificadas no ponto anterior.

Para chegar onde queremos temos de, em primeiro lugar, saber que lugar é esse, e, em seguida, não perdermos o foco.

E quem se atreve a dizer que isso é fácil nos dias de hoje? Estamos constantemente conectados, ligados, disponíveis e já não sobrevivemos sem os telemóveis e os computadores, que são autênticas armas de distração massiva.

Quantas vezes por dia é que checamos o e-mail?

Quantas vezes já pegámos no telefone para ver as horas e demos por nós a argumentar num grupo de facebook?

Quantas vezes já abrimos o Google para procurar uma receita e acabámos a ver as promoções de fim de estação?

Andamos demasiado distraídos. Para piorar achamos que somos óptimos a fazer multitasking. É uma grande ilusão. A maior parte de nós apenas salta de tarefa em tarefa, o que faz aumentar o tempo necessário para realizar cada uma delas individualmente. Para não mencionar que aumenta a probabilidade de serem cometidos erros e reduz a produtividade…

A tecnologia existe para nos servir e não o contrário. Temos de usá-la a nosso favor e com inteligência, para que não nos desvie dos nossos objectivos e não ocupe tempo precioso, connosco e com os nossos.

Hoje, como nunca, precisamos de incluir estrutura no nosso dia-a-dia. Beneficiamos de sistemas e truques que nos ajudem a focar no que é importante.

E com certeza, as mães/pais que trabalham em casa (ou a partir dela) sabem do que falo. É como se os dias nos escorressem das mãos, porque as tarefas nunca acabam. A flexibilidade que temos é uma vantagem, mas sem estrutura, pode virar-se contra nós.

Mas isto vale para todos. Acredito que as mães e pais que trabalham fora de casa também sentem a sua energia sugada pela ausência de estrutura e planeamento, pela expectativa de conseguir estar em várias frentes, por passar o dia a voar de missão em missão.

Desenvolver sistemas adaptados à minha realidade e necessidades, que me permitiram introduzir estrutura no dia-a-dia e gerir melhor o tempo, foi (está a ser) essencial.

Outra ferramenta importante teve a ver com o que já mencionei na parte I: as rotinas.

Estabelecer uma rotina matinal (e de preferência outra ao deitar) é fundamental para incorporar bons hábitos.

Coisas simples como resistir à tentação de olhar para o telemóvel mal abrimos os olhos. Permitir que a primeira luz que recebemos seja a luz do dia que, no caso deste Inverno, tem sido bem brilhante. Ter pensamentos de gratidão mal pomos o pé no chão. Beber um copo de água (com limão ou sem limão, quente ou frio) em jejum. Sorrir para o espelho. Abraçar as criaturinhas quentinhas, acabadas de sair da cama.

Estes pequenos gestos podem mudar o rumo nosso dia. E lentamente apoderam-se de nós, ao ponto de sentir que não fazemos esforço algum. Mas é preciso executar, ser consistente e dar tempo ao tempo. E fazer recomeçar do zero (ou do – 1) quantas vezes forem precisas.

Na próxima parte falarei da agenda semanal, mas gostaria de te desafiar a fazer o exercício acima, o teu diagnóstico.

Qual queres que seja a tua nova versão?


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