Comer é divertido – a introdução dos alimentos

ComerBem

Este tema deixa geralmente muitas mães ansiosas… e com razão… os 5 meses de licença deveriam na realidade ser 6, porque só nessa altura é que os bebés estão aptos para receber outros alimentos. Até lá o leite materno é o alimento perfeito.

Uma introdução precoce dos alimentos faz com que o bebé tenha por exemplo, um risco aumentado de alergias, já para não falar na diminuição de produção de leite por parte da mãe… (bebé menos vezes na mama, menos leite produzido) pondo assim em risco a amamentação prolongada até pelo menos aos 2 anos de idade tal como recomenda a Organização Mundial de Saúde.

Os bebés não são todos iguais e alguns começam a demonstrar mais cedo algum interesse pela comida. Esta transição deve ser suave, deixando que a exploração da comida seja guiada pelo bebé. Podem conhecer mais sobre este método de baby-led weaning – BLW aqui. Contudo fica complicado aplicar este método na totalidade quando a mãe regressa ao trabalho e está ausente muitas horas… daí muitas famílias terem de optar por uma versão mista. Foi o nosso caso.

Regressei ao trabalho tinha o G. cinco meses e meio. Para sorte de todos, ficou com os avós, com a sua família. Extrair leite com a bomba era uma tarefa muito penosa para mim, dolorosa até. Por isso resolvemos testar a introdução da sopa e só depois as “papas”. Correu lindamente! Ele adorou e ainda hoje é um bom garfo! Sempre que estava comigo, maminha.

Nesta fase e por entre dúvidas e mais dúvidas decidimos ir a uma consulta de alimentação para bebés com a Eugénia Varatojo do Instituto Macrobiótico de Portugal.

Cá em casa seguimos uma alimentação baseada na macrobiótica por isso o tema não nos era estranho, apenas tinha de ser adaptado ao novo rebento. Gostámos muito da consulta e da simpatia da Geninha.

É importante conhecer as alternativas às papas de compra e aos iogurtes. A maior parte dos pediatras recomenda fórmulas e papas industriais e nós não queríamos seguir esse caminho. Existem inúmeras receitas de papas que se podem fazer em casa com ingredientes controlados. O livro Alimentação vegetariana para bebés e crianças pode ser uma ajuda. Tem receitas acessíveis e adaptadas à idade do bebé. No nosso caso sempre privilegiámos as leguminosas aos invés do seitan, tofu ou outros derivados da soja. Apesar de ainda consumir esporadicamente alguns derivados do leite, como manteiga ou queijo, ainda não introduzimos estes ao G. “O quê não come iogurtes??” Sim, não come iogurtes e não tem falta de cálcio porque come couve, sementes de sésamo e outros vegetais que têm tanto ou mais cálcio que o leite animal. Quanto à carne e ao peixe, não estão presentes no nosso menu diário, comemos esporadicamente e no caso da carne temos especial atenção à sua origem.

É incrível perceber o marketing que se gera em volta da alimentação infantil… e como é fácil cairmos no estigma de sermos diferentes, alternativos e até extremistas porque não queremos que o nosso filho coma bolachas maria (optamos pelas bolachas de arroz)… já alguém se deu ao trabalho de ver as carradas de açúcar que aquilo tem?

É muito fácil alimentar uma criança, ela vai acabar por comer o mesmo que nós e isso, já por si, é uma boa razão para alterarmos alguns hábitos alimentares e comermos melhor. Cortar nos alimentos processados e apostar nos alimentos simples, frescos e da época!

O G. tem actualmente 20 meses, ainda conseguimos controlar o que ele come, quando já nos for impossível, ele vai crescer e fazer as suas escolhas, tal como os pais o ensinaram (assim o espero).

Se este tema vos interessa e vos falta a parte prática então não percam este workshop!

Deixo-vos a primeira receita testada cá em casa: creme de arroz para bebés (de Eugénia Varatojo):

Ingredientes:

  • 1 chávena de chá de arroz integral
  • 1/2 chávena de chá de arroz glutinoso
  • 1 colher de sobremesa de sementes de sésamo
  • 1 colher de sobremesa de feijão azuki
  • 1 tira de alga kombu de 5 a 6 cm de comprimento
  • 5 ou 6 chávenas de água
  • mel de arroz q.b (eu adoçava com fruta cozida em puré)

Junte todos os ingredientes numa panela, excepto o mel de arroz; deixe repousar cerca de 1h ou mais, se possível, e leve ao lume até levantar fervura. Coloque uma chapa difusora, por baixo da panela e baixe o lume. Deixe cozinhar cerca de 1h. Passe o preparado com a varinha mágica. Retire a quantidade necessária para 1 refeição e adoce ligeiramente com mel de arroz ou maçã/ pêra cozida. Está pronto para dar ao seu bebé.

Sugestão: Vá substituindo o arroz glutinoso por outros cereais como a aveia, cevada, trigo, millet, etc. Os cereais devem ser sempre em grão e biológicos.

Pode preparar a quantidade suficiente para 2 ou 3 dias e conservar no frigorífico, idealmente em frascos de vidro. Vá retirando conforme necessário.

Antes de juntar as sementes de sésamo toste-as, ligeiramente, sem que mudem de cor, numa caçarola e sem qualquer gordura, mexendo sempre. Toste quantidade suficiente para utilizar várias vezes e guarde num frasco.

E já sabem, se o vosso bebé se recusa a comer, talvez esteja a tentar dizer que ainda não está preparado. Dêem-lhe tempo para descobrir o prazer dos alimentos!

Enjoy!

Alimentação Bebé Vida de Mãe

Um comentário

Um comentário

  1. Tania Saias comentou:

    Maio 21, 2016 às 9:14 pm

    A alga kombu pode introduzir-se nas receitas para um bebé a partir de quantos meses, sabe-me dizer?