Quentin, Tiago, Sofia e Grabriela

A nossa primeira filha nasceu na Inglaterra, no dia 1 de Janeiro de 2010, depois de 31h extenuantes de trabalho de parto (sozinha, dentro da minha banheira, em casa). Queríamos muito que ela tivesse nascido em casa, mas na área onde vivíamos não era possível. Fomos para o hospital 2h antes da Gabriela nascer, e saímos do hospital 24h depois (tivemos de lá ficar apenas porque a Gabriela esteve sem águas mais de 24h).

No dia 7 de Fevereiro de 2013, às 01h27m, e também na Inglaterra, nascia o meu filho mais novo, dentro de uma piscina insuflável, que conseguimos encher e colocar entre os dois sofás da nossa sala e o aparador. 47h antes, as águas rebentaram durante a madrugada. 36h antes, fomos ao hospital ver se estava tudo bem com o bebé. As contracções eram fracas e inconsistentes. Estava muito cansada mas certa que queria ter o meu filho em casa. Uma vez que tudo estava em ordem e o bebé parecia feliz dentro da minha barriga, foi para casa que voltámos. 25h antes fui dar uma caminhada na praia. O mar é um elemento muito importante para a nossa família. Queria dizer ao meu bebé que estava à espera dele e que esperaria o tempo que fosse necessário. Pedi-lhe para não ter medo. Disse-lhe que eu não sentia qualquer medo. As contracções, que até ali eram irregulares, desapareceram completamente. Esperei, meditei, cantei… 14h antes, as contracções voltaram e pedi ao camone para pôr a nossa filha mais velha na cama, na altura com 3 anos acabados de fazer. 3 horas antes chegou a primeira parteira à nossa casa. Ela gostou de sentir o cheiro a alfazema que rodopiava pela casa inteira. Comentou como a casa estava abençoada por boas energias. Gostou da música que tocava no meu computador, um track qualquer que eu usava para meditar enquanto estava grávida. Gostou mais ainda das bolachinhas que lhe deixei num prato em cima da mesa da cozinha, e encostada uma carta minha para ela, onde simplesmente lhe pedia para me deixar parir à vontade. 2h antes eu estava no auge, a pedir às contracções para virem cada vez mais fortes. Eu sabia que a cada contracção eu estava mais perto de conhecer a minha cria. 1h antes eu estava dentro da piscina com o camone a massajar-me as costas. Não me deu para gritar. Era mais um uivo de loba que está encantada a olhar para a lua cheia. Ria dos meus próprios uivos entre as contracções. 20 minutos antes a minha filha chamou o pai lá de cima do quarto dela. A parteira já a “apanhou” a meio das escadas e perguntou-lhe se ela queria comer um biscoitinho de chocolate e ver o mano nascer. Ela tinha esperado 9 meses por aquele momento. Às 01h27m o Tiago Noah nascia, parido pela mãe cansada mas tão feliz e realizada, trazido à tona da água morna pelas mãos do pai, imediatamente tocado pela mana. Veio ao mundo numa serenidade inexplicável. Não chorou. Olhou-nos nos olhos enquanto lhe dizíamos as boas vindas nas três línguas. Ele já as conhecia. Veio com um ar tão sábio como quem já sabia para o que vinha. Houve todo o tempo do mundo, como eu tinha pedido às parteiras. Houve tempo para nos tocarmos e nos sentirmos, sem pressas para cortar cordões nem parir placentas. O pai cortou o cordão porque a emoção não me deixou conseguir agarrar na tesoura. A mana eufórica só queria beijar o mano amado. 1h depois do nascimento do Tiago, estávamos os 4 na cama, a ver um filme da Disney e a comer torradas. Foi sem dúvida o momento mais bonito das nossas vidas em família.

Parir não é só ver nascer. Parir é renascer. E naquele dia em que eu pari o meu filho, todos nós renascemos.

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Sofia Vieira do Blog Pais com P grande

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