Mãe de 4 – Alexandra Silva

Quatro

Tenho quatro filhos.
Fui mãe pela primeira vez aos 26 anos e senti que tinha descoberto o (meu) “sentido da vida”.
Fui uma mãe apaixonada, dedicada, concentrada, desenrascada, orgulhosa e um tanto ou quanto obcecada…
No dia em que a minha filha mais crescida fez dois anos soube que, passados seis meses, ela iria ter duas irmãs.
As certezas todas que tinha construído nestes dois anos e meio de mãe de filha única desapareceram com a chegada das novas bebés.
Tive de me reconstruir como mãe, a mãe que eu era não servia este novo papel.
Ser mãe de gémeos é muito diferente de ser mãe de um filho só, eu tive muita dificuldade em fazer as adaptações necessárias…
Ter dois bebés pequeninos fez-me sentir que não era suficiente, tantas vezes chorei a olhar para elas por sentir que não as podia conhecer com a mesma verdade que se tivessem nascido uma de cada vez.
Para mim esta foi sempre a maior dificuldade, muito maior do que o “trabalho” que deram.
Percebi isto com clareza quando voltei a ser mãe de um bebé só, dez anos depois.
Voltei a ser mãe, do meu quarto filho, aos 38 anos. Uma gravidez muito desejada e vivida com grande disponibilidade e entrega.
Senti-me a mudar por dentro a cada mês que passava. Fui ficando cada vez mais desperta para o que aí vinha.
Consegui ir-me libertando das poucas certezas que me restavam, fui-me esvaziando e ganhando espaço.
Quando o meu bebé nasceu sentia-me vazia e disponível para ele, seria com ele que ia construir o nosso caminho, sem pré-indicações ou trajetos pensados.
Com este bebé deixei que o amor, esse nobre sentimento, nos comandasse a vida. Recebi-o desta forma.
E eu tive de reestruturar tudo.
Ser mãe provoca-me muitas “dores de crescimento”… não fujo delas, sinto, choro e permito-me a sofrer com todas as pequenas alegrias.

“Não faz mal” passou a ser uma das frases que mais soa na minha cabeça, uma frase que me faz sorrir.

Novamente tive de me reinventar no meu papel de mãe.
Eu, mais do que mãe de quatro eu sou quatro mães.
“Não fosse um sentido de humor apurado
Que me faz viver um sonho acordado
Não via tão claro o sentido da vida
E tudo seria bem mais complicado.”
letra de Carlos Tê para música dos Clã

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Alexandra, Blog Viver Todos os Dias
Mãe de quatro:

Rita, 15 anos

Alice, 12 anos

Eva, 12 anos

Raul, 2 anos

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© Vitorino Coragem para © Viver Todos os Dias

Um bebé “grande” a mamar, absolutamente delicioso. Obrigada Alexandra!

Amamentação Parentalidade Vida de Mãe

Um comentário

Um comentário

  1. Patricia B comentou:

    Outubro 29, 2015 às 5:42 pm

    Que bonito… Adorei. 🙂