Uma família portuguesa na Nova Zelândia

A Constança dispensa apresentações. O seu blog Saídos da Concha é paragem obrigatória. O estilo homemade em tudo o que faz e a experiência de viver longe do seu país faz com que me delicie em cada fotografia, em cada projecto novo que começa. Esta mulher é uma verdadeira nómada dos tempos modernos.

Ao ler o relato do nascimento do seu segundo filho Pedro, não pensei duas vezes em contactá-la. A maneira como o escreveu, incrivelmente gráfica para mim, fez-me acreditar que mais uma vez o nosso corpo é poderoso e que uma mulher pode simplesmente parir no jardim da sua casa.

Não deixem de conhecer esta família maravilhosa e já agora o novo livro da Constança!

O teu primeiro filho Rodrigo nasceu em Inglaterra. O Pedro viria a nascer na Nova Zelândia. Como foi a preparação e as diferenças que encontraste no apoio à gravidez neste país?

O sistema neozelandês é muito parecido com o britânico, no sentido em que a gravidez e o parto são totalmente da responsabilidade das parteiras (uma pessoa só é vista por um médico se houver algum problema sério ou se a gravidez for de risco).

A grande diferença aqui na Nova Zelândia é o facto de as parteiras serem independentes (no Reino Unido estão vinculadas a um centro de saúde ou hospital), o que significou que tive de andar à caça de uma que tivesse disponibilidade e vontade para me seguir. Digo vontade, porque quando falei em epidural ouvi algumas recusas. A parteira que me seguiu foi a mesma que fez o parto (ou teria sido, se o Pedro não tivesse nascido no jardim de minha casa) e a mesma que me veio cá a casa durante as primeiras semanas do Pedro.

Ambos os sistemas são inteiramente gratuitos.

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De que maneira é feito o acompanhamento/apoio da mulher no pós-parto, amamentação, etc.?

A parteira vem a casa durante 5 semanas para acompanhar o crescimento do bebé e a saúde física e mental da mãe. Dá conselhos sobre amamentação mas, se a mãe tiver algum problema, encaminha-a para uma lactation consultant no hospital (isso aconteceu comigo).

Agora que já se passaram 4 meses desde do nascimento do Pedro, qual é o sentimento que impera em relação à experiência que vivenciaram?

Foi muito importante para mim escrever a história do nascimento do Pedro e partilhá-la no meu blog. Reler o que escrevi uma série de vezes foi a melhor terapia. Agora nunca penso nisso.

Estando fora do país, sem o apoio familiar mais directo, quais são as principais dificuldades e o que fazes para contornar essa questão?

Não vou mentir: é muito difícil. Não é o facto de não estar em Portugal… quando morava em Inglaterra estava fora mas ia recebendo visitas, e ia a Portugal duas ou três vezes por ano. Mas a Nova Zelândia é incrivelmente longe e as viagens são caríssimas… e as saudades são muito pesadas.
Custa não poder partilhar os bons momentos com avós e amigos, e custa muito não ter uma única pausa, uma noite, um fim-de-semana sem crianças. Acho que metade da minha infância foi passada em casa dos meus avós e tenho muita pena que os meus filhos não possam ter essa experiência.

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Conta-nos um pouco do teu dia. Como geres filhos e trabalho?

Trabalho pouco, esta é a resposta mais honesta que posso dar. Não sou a super-mulher e os meus dias não esticam.

De que maneira pensas que se vai reflectir nos teus filhos o estilo de vida que escolheram para a vossa família?

Espero que eles cresçam com uma mentalidade aberta e tolerante, que respeitem a diferença e que tenham raízes fortes. Eu gostava que essas raízes fossem em Portugal ou na Europa mas não sei, o tempo o dirá. O que quero é que sejam pessoas íntegras e agradáveis.

Obrigada Constança!

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